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Unidade 1


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Introdução

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira parte do nosso material. Trataremos aqui de importantes elementos para a escrita e a leitura, especialmente sobre escrever e ler de forma eficiente. Ou seja, trataremos de como fazer uma comunicação eficiente por meio da leitura e da escrita de textos.

O primeiro passo é se perguntar: por que lemos e escrevemos? Você poderá responder: lemos e escrevemos para nos comunicar. É exatamente isso. Pelos textos que circulam socialmente, nós nos comunicamos, construímos sentidos e influenciamos nossos interlocutores. Todo ato de escrita apresenta uma motivação: escrevemos para alguém por algum motivo. Sem essa intencionalidade não existe a construção de um texto, não existe razão para escrever.

Caro(a) aluno(a), você lembra dos atos de escrita que você desenvolveu no período escolar? Muito provavelmente você deve se lembrar de muitas atividades de produção de textos com preguiça e lamento. Muitas pessoas podem se lembrar da famigerada redação “minhas férias”, em que o aluno precisava escrever o que fez durante o período de recesso escolar. Agora, vamos pensar: por que essas atividades parecem tão monótonas? Provavelmente porque elas estavam desprovidas de intencionalidade comunicativa. O que é isso? É a percepção de que escrevemos melhor quando sabemos a intencionalidade que queremos alcançar. Ou seja, precisamos escrever com um objetivo dentro de um gênero textual.

Por isso, atualmente, nas escolas, os bons professores de língua portuguesa não pedem mais redações sem criar um contexto de produção: o aluno escreve algo que sabe que reproduz um gênero textual que efetivamente circula na sociedade.

Vamos esclarecer melhor o conceito de texto. Um texto jamais será uma reunião de palavras, um amontoado de frases juntas (KOCH, 2018). Texto é um todo de sentido unificado, único e preciso. Ou seja, o texto é uma unidade de sentido, independente da sua extensão, que é usada pelos usuários da língua para a construção de sentidos. Dessa forma, um texto pode ser uma conversa de bar, uma bula de remédio, um bilhete, uma conversa ao telefone, um artigo de jornal, um ofício, um memorando, um e-mail. Um texto pode ser verbal, como uma redação, pode ser não verbal, como um desenho, e pode ser misto, como uma história em quadrinhos.

Outros conceitos importantes para a leitura e a produção de textos são os de gêneros e tipos textuais, acerca dos quais trataremos mais adiante. Agora, estudaremos diretamente o que está envolvido quando escrevemos um texto. Esse texto pode ser uma redação.

Conceitos Importantes: Comunicação e Elementos que Estruturam os textos

Podemos definir redação, bem como todo texto escrito, como uma arte, a arte de se comunicar, de registrar aquilo que pensamos e dizemos por meio de um signo linguístico. Para isso, precisamos de três elementos fundamentais da comunicação, observe-os na figura a seguir.

Figura 1.1 - Elementos fundamentais da comunicação
Fonte:  Elaborada pela autora.

A palavra comunicação e o conceito envolvido pela palavra vem do termo latim communicare, que apresenta um significado interessante: tornar comum. Assim, a comunicação acontece quando uma informação torna-se comum para dois seres: aquele que emite uma mensagem e aquele que a recebe e decodifica. A comunicação tem quatro elementos centrais, segundo Wood (2009, p. 37-40):

Processo – a comunicação é um processo, o que significa que é contínua e dinâmica. É difícil dizer quando a comunicação começa e quando termina, pois o que ocorre antes de falarmos com alguém pode influenciar a interação, e o que ocorre em um contato específico pode afetar o futuro. A comunicação está em constante movimento, evoluindo e mudando continuamente. Não é possível congelar a comunicação.
Sistemas
– a comunicação ocorre dentro de sistemas. Um sistema consiste em partes inter-relacionadas que afetam umas às outras [...]. Pelo fato de as partes de um sistema serem interdependentes e interagirem continuamente, uma alteração em qualquer uma delas altera o sistema como um todo. Os sistemas tentam manter o equilíbrio, mas são incapazes de sustentá-lo.
Símbolos
– a comunicação é simbólica. Não temos acesso direto aos pensamentos e sentimentos dos outros. Usamos, portanto, os símbolos, que são representações abstratas, arbitrárias e ambíguas [...] de outras coisas. Podemos simbolizar o amor dando um anel, ou dando um abraço apertado em alguém. A comunicação humana envolve interações com símbolos e por meio deles.
Significados
– estes representam o coração da comunicação. Os significados são o sentido que conferimos aos fenômenos, ou o que eles significam para nós. Não encontramos significados na experiência em si. Em vez disso usamos símbolos para criar significados. De modo geral, construímos ativamente o significado por meio de interação com os símbolos.

Dessa forma, caro(a) aluno(a), a comunicação sempre será um processo, pois ela é viva. Assim, está sempre em andamento, pode ser modificada, ressignificada, transformada. Ela estará integrada a um sistema, pois acontece apenas quando os símbolos e os significados estão interligados em uma rede de construção de sentidos. Para que a comunicação seja bem-sucedida, é imprescindível que emissor e receptor dominem o mesmo símbolo linguístico dos objetos ou das ideias que querem veicular oral ou textualmente (MARCUSCHI, 2010).

FIQUE POR DENTRO

História da Comunicação

Consulte, no link a seguir, a breve história da comunicação: <http://www.youtube.com/watch?v=-uSK8MYLdk0&NR=1&feature=endscreen>. Acesso em: 23 out. 2018.

No link você terá acesso a um vídeo que conta a história da comunicação por meio de uma sequência de animações; você verá que foi a comunicação que impulsionou a criação de tecnologias, sendo fundamental para a evolução da humanidade.

Nunca mais torça o nariz ou faça cara feia quando alguém lhe propuser a escrita de um texto, como uma redação, pois, a partir de agora, você tem a incrível oportunidade de enxergar com olhos livres e perceber que é mediante a palavra que nos aproximamos uns dos outros: “Bom dia!”, por exemplo. É pela leitura e escrita que aprendemos e temos acesso ao conhecimento, pois a língua escrita é o veículo que nos traz o conhecimento científico, o que nos faz seres mais instruídos, evoluídos, que compreendem a importância da palavra.

Agora, conheceremos melhor os elementos que estruturam os textos e os discursos (CEREJA; GUIMARÃES, 2014). Vamos começar com o conceito de palavra!

Palavra

É o signo linguístico considerado matéria-prima da língua, no nosso caso, a portuguesa; nela as palavras podem ser classificadas em dez classes gramaticais, observe o quadro a seguir.

●       Substantivo = lápis, areia.

●       Adjetivo = persistente, chato.

●       Artigo = a, o.

●       Numeral = primeiro, quinhentos e trinta e nove.

●       Pronome = nós, aquela.

●       Verbo = cantar, ser.

●       Advérbio = agora, muito.

●       Conjunção = e, mas.

●       Preposição = em, para.

●       Interjeição = Ah! Adeus!

Quadro 1.1 - Classes gramaticais da língua portuguesa
Fonte: Elaborado pela autora.

Frase

É um conjunto de palavras que exprime sentido e é capaz de estabelecer comunicação.

Aspecto Sonoro

De acordo com a entoação dada, as frases classificam-se em: declarativas, interrogativas, exclamativas, imperativas e optativas. Observe o quadro a seguir.

Declarativas

Expressam declaração ou informação.

Podem ser:

▪ Afirmativas: André foi estudar.

▪ Negativas: André não foi estudar.

Interrogativas

Expressam pergunta, indagação.

Podem ser:

▪ Direta: André foi estudar?

▪ Indireta: Quero saber se o André foi estudar.

Exclamativas

Expressam admiração, indignação.

▪ Exemplos: André foi estudar!

André estudando!

 

Imperativas

Expressam ordem, pedido.

▪ Exemplos:
André, estude comigo.

Não estude hoje, André.

Optativas

Expressam desejo.

▪ Exemplo:
Vá com Deus,  André !

Quadro 1.2 - Classificação das frases
Fonte: Elaborado pela autora.

Aspecto Estrutural

Quanto ao aspecto estrutural, as frases podem ser nominais ou verbais. Observe o quadro a seguir.

Nominais

Frases construídas sem verbo.

▪ Exemplos:  Fogo!

                        Cuidado!

                        Belo serviço o seu, João!

Verbais

Frases construídas com verbo (ou locução verbal).

▪ Exemplos:              Quero que leve sua blusa, João!                         Que belo serviço você fez, Fernanda!

Quadro 1.3 - Frases nominais e frases verbais
Fonte: Elaborado pela autora.

A oração é uma estrutura contida na frase e elaborada em torno de um verbo. Toda frase verbal é também chamada de período. O período por sua vez, é a frase organizada com uma ou várias orações. Observe os tipos de período no quadro a seguir.

Período simples

Formado de apenas uma oração.

                             verbo

▪ Exemplos: 

                                  ↑

Uma forte chuva pegou o corcel no caminho.

         ↓

uma oração = período simples

Período composto

Formado de duas ou mais orações.

▪ Exemplos:

               verbo       verbo                       verbo

                   ↑             ↑                               ↑

 Quando saímosera tarde e Ana estava na rua.

            ↓                      ↓                   ↓

três      orações     =     período     composto

Quadro 1.4 - Tipos de períodos
Fonte: Elaborado pela autora.

Parágrafo

É uma unidade de assunto constituída de uma frase ou de um grupo de frases ordenadas (CEREJA; GUIMARÃES, 2014).

Texto

Já vimos o conceito de texto, você se lembra, caro(a) aluno(a)? Texto é um todo organizado de sentido (KOCH, 2018), ou seja, um todo construído a partir da seleção e da combinação das palavras, das frases, das orações, dos períodos e dos parágrafos organizados com lógica.

No latim, a palavra textum (de onde o termo texto é originado) está relacionada a tecido, mais profundamente à costura de fios e de pontos que se ligam e entrelaçam para se tornar um só. E assim um texto se organiza, como um tecido uno que não se separa e cria um sentido único. Assim, um texto é um todo de sentido. Para criar o sentido, o texto faz parte de um contexto (FIORIN; PLATÃO, 2015). Observe a seguinte definição:

Usando de uma imagem diria que, do ponto de vista sociointerativo, produzir  um texto assemelha-se a jogar um jogo. Antes de um jogo, temos um conjunto de regras (que podem ser elásticas como no futebol ou rígidas como no xadrez), um espaço de manobra (a quadra, o campo, o tabuleiro, a mesa) e uma série de atores (os jogadores), cada qual com seus papéis e funções (que podem ser bastante variáveis, se for um futebol, um basquete, um xadrez etc.). Mas o jogo só se dá no decorrer do jogo. Para que o jogo ocorra, todos devem colaborar. Se são dois times (como no futebol) ou dois indivíduos (como no xadrez e na conversação dialogal), cada um terá sua posição particular. Embora cada qual queira vencer, todos devem jogar o mesmo jogo, pois, do contrário, não haverá jogo algum. Para que um vença, devem ser respeitadas as mesmas regras. Não adianta reunir dois times num campo e um querer vôlei e o outro querer basquete. Ambos devem jogar ou basquete ou vôlei. Assim se dá com os textos. Produtores e receptores de texto (ouvinte/leitor – falante/escritor) todos devem colaborar para um mesmo fim e dentro de um conjunto de normas iguais. Os falantes/escritores da língua, ao produzirem textos, estão enunciando conteúdos e sugerindo sentidos que devem ser construídos, inferidos, determinados mutuamente. A produção textual, assim como um jogo coletivo, não é uma atividade unilateral. Envolve decisões conjuntas. Isso caracteriza de maneira bastante essencial a produção textual como uma atividade sociointerativa (MARCUSCHI, 2008, p. 77).

Está acompanhando a construção dos conceitos, caro(a) aluno(a)? Na citação anterior, Marcuschi explica as relações dialógicas envolvidas na produção de um texto: alguém se comunica com outro alguém, e ambos auxiliam na construção de sentidos.

Outro conceito importante é o de contexto. Contexto é algo que faça sentido em um determinado lugar, como o assunto a ser abordado no texto, que, para ser coerente, precisa pertencer ao contexto. Por exemplo: o texto é um recado escrito de um colega de trabalho para o outro. Nesse caso o possível contexto é o ambiente profissional de ambos. Ou então o texto é notícia de determinado dia de março de 2018 sobre a economia brasileira. O contexto será a realidade brasileira naquela época específica.

REFLITA

Leitura

Muitas vezes pensa-se que, para dominar a ortografia e a gramática, é necessário o estudo sistemático de manuais de língua portuguesa. Entretanto, quando o objetivo é melhorar a fluência na língua em sua forma escrita, para ter um bom domínio desses aspectos, o caminho é muito simples: a leitura. Ser leitor possibilita um grande conhecimento do funcionamento da língua, além de fazer com que possamos internalizar muitas regras gramaticais. Portanto, mais um motivo para ser um leitor e incentivar a leitura!

Gêneros e tipologias Textuais

Caro(a) aluno(a), como os textos circulam na nossa sociedade? Como as pessoas usam a língua para produzir textos? Essa pergunta pode até parecer difícil, mas é simples de ser respondida: usamos os textos como práticas de vida em sociedade. Por exemplo, um chefe de cozinha pode, dentre outros textos, agir e ler: receitas, artigos científicos sobre produtos, rótulos e embalagens de produtos etc. Um gerente de banco vai ler relatórios, boletos, cheques, recibos, contratos. Na nossa vida cotidiana usamos e-mail, lemos notícias, escrevemos nas redes sociais. Ou seja, usamos textos em todas as nossas ações. Os textos orais ainda mais. Os vídeos que vemos em redes sociais e a conversa que temos em um barzinho são criações verbais que podem ser consideradas textos.

Ou seja, os textos que usamos socialmente são configurados em gêneros textuais. Foi um estudioso chamado Bakhtin (2003) um dos primeiros a falar em gênero textual. O autor aponta que “o emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana” (BAKHTIN, 2003, p. 45). Assim, todo ser humano apenas se comunica, escreve e fala por meio de gêneros que são reflexos de características únicas de uma esfera de comunicação.

O autor russo explica que existem três elementos fundamentais para que possamos considerar a existência de um gênero: conteúdo temático, estilo e construção composicional.

O conteúdo temático faz referência às escolhas do produtor, aos temas envolvidos e a quais são os propósitos comunicativos. Exemplo: no caso de um artigo de opinião, o conteúdo temático diz respeito a convencer o receptor de um ponto de vista; no caso de um bilhete, será o de deixar claro um recado para alguém.

O estilo é o modo como o conteúdo é apresentado. Exemplo: um artigo de opinião precisa ter uma linguagem culta, objetiva e bastante coesiva, para prender a atenção do leitor de forma efetiva. O gênero bilhete, por sua vez, permite um estilo mais coloquial, adequado à capacidade linguística da pessoa a quem é endereçado.

A construção composicional refere-se ao aspecto formal do gênero, é como os enunciados estão estruturados. Por exemplo, um artigo de opinião tem a seguinte estrutura: introdução, em que o tema é descrito, desenvolvimento, em que há a abordagem de diferentes argumentos, e a conclusão; já o gênero bilhete é construído por meio de frases imperativas, ordens ou pedidos.

Tipos são formas de usar a linguagem que podem ser expressas nos textos. Podem ser cinco: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. Um gênero pode ter mais de um tipo em sua composição. Por exemplo, um artigo de opinião é marcadamente dissertativo, mas pode ter uma pequena história (narrativa) em sua constituição (BAZERMAN, 2007).

Nas próximas unidades veremos com mais detalhes como algumas tipologias se organizam em determinados gêneros textuais.

Variações Linguísticas

Agora vamos tratar das diferenças entre a linguagem oral e a linguagem escrita.

Uma das finalidades da linguagem escrita é a representação da linguagem falada por meio dos signos linguísticos. Porém nem sempre os sinais gráficos conseguem expor grande parte dos elementos da fala, como o tom de voz, os gestos e as expressões da fisionomia. Como a escrita não é apenas uma mera reprodução da fala, é preciso que a linguagem escrita seja mais trabalhada na tentativa de compensar as faltas. É importante lembrar que temos gêneros textuais escritos e gêneros textuais orais.

Outro ponto que merece ser destacado é a variação linguística: a língua é variável e, mesmo partindo de um sistema padrão, ela, de um modo geral, apresenta variações regionais, registros diferenciados, influenciados pelo tempo e pela formalidade ou não de determinada comunicação.

Não se trata de ideia de superioridade, ou seja, não quer dizer que umas são superiores às outras, apenas que existem variedades linguísticas. Todos fazem parte do sistema da língua e cada um serve a uma finalidade específica.

Linguagem culta

Caracteriza-se pelo respeito às normas gramaticais, é aquela ensinada nas escolas e tem uma forma fixa, por isso serve de veículo às ciências e à cultura (CEREJA; GUIMARÃES, 2014).

Linguagem popular

Como o próprio nome já diz, é aquela falada livremente pelo povo, nem sempre fiel às normas gramaticais.

Linguagem coloquial

É a linguagem informal, cotidiana, não necessariamente inculta, mas íntima.

Linguagem regional

Palavras, expressões e construções gramaticais sofrem influência da região à qual pertence.

Gíria

O seu valor informativo é temporal, por isso, seu uso é efêmero e corre o risco de ficar ultrapassado, em geral, é apenas um estilo que se integra à língua popular.

Quadro 1.5 - Variações linguísticas
Fonte: Elaborado pela autora.

Apesar de uma língua ser uma construção social e sofrer padronizações para se tornar o mais uniforme possível, sempre haverá variação em seu uso. Ou seja, a variação “sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em ‘Língua Portuguesa’ está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades [...]” (BRASIL, 1998, p. 29). É preciso destacar que as variações de uma língua ocorrem de acordo com condições/peculiaridades de natureza social, cultural, regional ou até histórica. Marcos Bagno (2007, p. 36) aponta que a língua é heterogênea, múltipla, variável instável e está sempre em desconstrução e reconstrução. Ou seja, se você ainda pensa que a língua é fixa imutável, é importante rever seus conceitos.

Funções da Linguagem

Caro(a) aluno(a), são muitas as formas de se utilizar a língua para construir sentidos. Quando uma moça apaixonada descreve o quanto seu coração bate acelerado quando encontra o amor de sua vida, suas palavras são organizadas de maneira muito especial, sua linguagem será emotiva e cheia de subjetividade, completamente diferente da maneira impessoal, objetiva e informativa que um cirurgião cardiovascular descreveria a um paciente sua arritmia cardíaca (CEREJA; GUIMARÃES, 2014).

As funções da linguagem são responsáveis por direcionar a mensagem para um ou mais elementos do circuito da comunicação, logo, quaisquer produções da fala ou da escrita apresentam funções da linguagem.

Ao elaborar um texto em um determinado gênero textual, você precisa ter em mente que está escrevendo para alguém (CEREJA; GUIMARÃES, 2014).

  • Você é o emissor, quem lê é o receptor.
  • O que o emissor escreve é a mensagem.
  • O que conduz a mensagem até o receptor é o canal – no nosso caso, o papel.
  • As opiniões, os fatos, os raciocínios, os objetos que o emissor expõe na mensagem chamam-se referente.
  • Os signos da língua portuguesa que o emissor utiliza na mensagem constituem o código, o qual deve ser conhecido pelo receptor.

Classificação das funções da Linguagem

As funções da linguagem podem ser classificadas em: função referencial ou denotativa; função emotiva ou expressiva; função conativa ou apelativa; função fática e função poética.

Função Referencial ou Denotativa

Sua intenção é informativa, também chamada de cognitiva, a mais usada no dia a dia, conhecida como linguagem da comunicação, pois privilegia o contexto, o assunto, os objetivos, os fatos e os juízos. É usada, habitualmente, nas redações escolares, no jornalismo e na correspondência comercial (CEREJA; GUIMARÃES, 2014).

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (BRASIL, 1988, on-line).

Função Emotiva ou Expressiva

Representa a marca subjetiva da fala e a 1ª pessoa do discurso, carregada de emoções, adjetivos, signos de interjeições, exclamações e reticências. Presente nas canções populares amorosas.

Função Conativa ou Apelativa

Objetiva mobilizar a atenção do receptor, produzindo apelo ou ordem. Comum nos anúncios e nas propagandas, por ser volitiva e/ou imperativa.

Exemplos:

Pare! Siga!

Campanha de vacinação: vacine seu filho! Você precisa ajudar o Brasil a continuar livre de terríveis doenças! Faça a sua parte!

Função Fática

Usada principalmente na linguagem oral, checa e mantém a conexão entre emissor e receptor, muitas vezes, sem carga semântica. Cumprimentos padrões são exemplos dessa função:

Olá!

Tudo bem?

Como vai?

Você está entendendo?

É a mensagem que fala de sua própria produção, tradução do discurso. Um exemplo clássico é o dicionário. Toda vez que um código explica a si mesmo estamos diante da função metalinguística. Assim, todos os verbetes de uma enciclopédia ou de um dicionário fazem parte dessa função.

Função Poética

Ocorre quando a própria mensagem é colocada em destaque, seja por meio dos desvios da norma ou de novas combinações da linguagem; objetiva produzir, principalmente, um efeito estético.

                      ELEMENTO                                      FUNÇÃO

                        contexto                    →                     referencial

                        emissor                     →                     emotiva

                        receptor                     →                    conativa

                        canal                          →                     fática

                        código                       →                     metalinguística

                        mensagem                →                     poética

Quadro 1.6 - Quadro resumo: funções da linguagem
Fonte: Elaborado pela autora.

Linguagem Figurada

É a expressão da criatividade do autor ao elaborar sua obra. Pode ser dividida em denotativa e conotativa.

Denotativa

É o emprego da palavra no seu sentido literal, do dicionário. Por exemplo:

“O médico receitou para Mariana remédios para sua dor de cabeça”.

Observe que todas as palavras estão no seu sentido real, objetivo.

Conotativa

É o emprego da palavra fora do seu sentido literal, atribuindo-lhe um novo significado, o sentido conotativo ou figurado.

Exemplo:

Seu sorriso magnético tem a chave do meu coração.

Na frase, temos três palavras em sentido conotativo: “magnético” é uma palavra que significa presença de magnetismo, e nesse contexto, é empregada de forma figurada, quer dizer que o sorriso é cativante, sedutor; chave também está em sentido figurado, não está fazendo referência ao objeto chave; coração é uma metáfora para os sentimentos humanos, não está, nesse caso, fazendo referência ao órgão humano que bombeia sangue.

Figuras de Linguagem

Olá, caro(a) aluno(a), vamos abordar mais diretamente figuras de linguagem, importantes recursos para a criação de sentidos nos textos. Você sabe o que é uma figura de linguagem? Observe o texto a seguir:

Menina na janela

A lua é uma gata branca,

mansa,

Que descansa entre as nuvens.

O sol é um leão sedento,

molambento,

que ruge na minha rua.

Eu sou uma menina bela,

na janela,

de um olhar sempre à procura.

Fonte: Caparelli (2002).

O texto anterior é visivelmente do gênero textual poema. É nítido que trata-se de um texto artístico, ou seja, um texto que faz parte da esfera literária. Assim, como um texto literário não tem função objetiva mas subjetiva, é arte, criação artística. Dessa forma é preciso identificar se a maioria das palavras do texto está em sentido denotativo ou conotativo. Denotativo é o sentido objetivo das palavras, o sentido mais imediato. O sentido conotativo é o sentido figurado. Por exemplo, se dizemos “a lua é branca”, estamos usando linguagem denotativa, pois realmente a lua tem a coloração clara. O mesmo vale para a frase “a gata é mansa”, pois é absolutamente possível, que uma gata seja dócil.

Agora, caro(a), aluno(a), volte a observar o poema. Lemos a frase “a lua é uma gata branca, mansa”. Aqui temos uma frase em sentido conotativo, em sentido figurado, novo poético, em que as palavras compõem imagens e assim acabam ganhando novos e inesperados sentidos. Nesse caso, teremos figuras de linguagem.

Segundo Cereja e Cochar (2009, p. 37): “Figura de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido figurado, isto é, em um sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregados.”

Vamos conhecer as principais figuras de linguagem, caro(a) aluno(a)?

Comparação

Segundo Cereja e Cochar (2009, p. 37), comparação é a figura de linguagem que consiste em aproximar dois seres em relação a uma semelhança. Na comparação sempre teremos um elemento comparativo expresso: como tal qual, semelhante a, que nem, etc.

Assim teremos comparações nas seguintes frases:

Sua voz é semelhante ao canto de um uirapuru.

Seu beijo é como dar uma mordida em um favo de mel.

Metáfora

Metáfora é uma das figuras de linguagem mais empregada no nosso cotidiano. Usamos metáforas o tempo todo! Ela consiste no emprego de um sentido que não é comum da palavra, sendo esse novo sentido resultante de uma relação de semelhança entre dois termos (CEREJA; COCHAR, 2009, p. 37). Por exemplo, quando chamamos um rapaz bonito de “gato”, estamos usando uma metáfora. O mesmo acontece quando chamamos alguém de “cavalo” para dizer que a pessoa é grossa ou pouco sutil, ou que é uma “porta” por ser calada e pouco esperta.

A diferença entre comparação e metáfora é que a comparação vai ter termos comparativos (como, semelhante), já a metáfora não terá. Eles ficam subentendidos. Observe:

Lauro é como um gato. (Comparação) – o sentido da frase é que o moço Lauro age igual a um gato, ou seja, dependendo do contexto Lauro pode ser bonito, ágil, espero, escorregadio.

Lauro é um gato (Metáfora). – O moço Lauro é muito bonito.

Metonímia

A metonímia também é uma das figuras de linguagem mais empregadas! Segundo Cereja e Cochar (2009, p. 38), é a figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por outra em razão de haver entre elas uma relação de interdependência, de inclusão, de implicação. Parece complicado, não é mesmo, caro(a) aluno(a)? Com os exemplos a seguir ficará mais fácil. Observe:

1. Metonímia que traz o efeito pela causa ou vice e versa:

Juliana respeita os cabelos brancos do seu avô!

- Aqui cabelos brancos é utilizado no lugar de idade avançada. Cabelos brancos são efeitos causados pela idade avançada;

2. Metonímia que traz o nome do autor pela obra:

Você precisa ler Saramago!

- Saramago é utilizado no lugar de “a obra de Saramago”

3. O continente (o que está fora) pelo conteúdo:

Ana e Lúcia tomaram três garrafas de cerveja.

Ninguém ingere uma garrafa. O que foi ingerido foi a cerveja. Quando usamos o termo prato, garrafa para demonstrar quantidades, estamos usando metonímias.

4. A parte pelo todo.

No momento que você mais precisa, vou segurar sua mão.

- O termo “mão” representa todo o ser, não apenas uma parte do corpo.

Essas são apenas algumas formas de metonímia, há muitas outras. Como por exemplo, o singular pelo plural, a matéria pelo objeto, o inventor pela invenção, a marca pelo produto, o concreto pelo abstrato, o lugar pelo produto característico de determinado local, entre outras opções.

Antonomásia

A antonomásia, caro(a) aluno(a), nada mais é que um tipo específico de metonímia. É quando um nome é substituído por outro, um adjetivo ou outro substantivo que mostra uma característica reconhecida. Por exemplo, quando falamos “Cidade Maravilhosa” estamos nos referindo a Rio de Janeiro, “O rei do rock” é Elvis Presley, “Cidade Luz” é Paris.

Antítese

É a figura de Linguagem que consiste no emprego de palavras que se opõe quanto ao sentido. Ou seja, na mesma frase há uma ideia e a total oposição dessa ideia.

Por exemplo:

Eu odeio te amar.

Paradoxo

O paradoxo também opõe coisas diferentes, porém diferente da antítese que opõe palavras, o paradoxo opõe ideias. Ou seja, as expressões opostas quanto ao sentido se fundem em um único enunciado. Por exemplo, observe no poema a seguir a ocorrência de muitos paradoxos:

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Fonte: Camões (2000).

Personificação ou Prosopopeia

Segundo Cereja e Cochar (2009 p. 41), personificação é a figura de linguagem que consiste em atribuir linguagem, sentimentos e ações dos seres humanos aos seres irracionais. Por exemplo:

O vento hoje está furioso.

A lua está sorrindo.

Hipérbole

A hipérbole é a figura de linguagem baseada no exagero. Ou seja, toda expressão que abusa do exagero poderá ser uma hipérbole. Por exemplo: Meu coração vai sair pela boca!

Eufemismo

O eufemismo é uma figura de linguagem muito empregada. Toda vez que usamos um termo para tornar outro mais tranquilo, menos desagradável, utilizamos um eufemismo. Por exemplo, para anunciar a morte de alguém, pode ser deselegante ou brusco afirmar: “Fulano morreu”. Usamos eufemismos como “foi para o céu”, “está em um lugar melhor”, “agora está descansando”, entre outras possibilidades.

Ironia

Ironia é quando dizemos o contrário do que queremos dizer! É um recurso que não é específico da linguagem verbal e pode ser usado em muitas situações. Por exemplo, a frase “Que bela atitude”, quando se está diante de uma atitude ruim, é uma ironia.

Catacrese

Catacrese é um interessante fenômeno da linguagem: quando uma metáfora passa a ser de uso cotidiano para definir algo. Por exemplo: pé de alface, braço da poltrona. Sabemos que alface não tem pé e que a poltrona não tem braço, mas na falta de palavras para definir, essas expressões tornaram-se de uso comum.

Onomatopeia

É quando sons da natureza, de animais e outros são representados na forma escrita. Exemplo: “Au au au” (som do cachorro)

Bem, caro(a) aluno(a), há outra forma de construir sentidos em um texto além das figuras de linguagem. Podemos ampliar os sentidos das orações quando alteramos a ordem sintática dos elementos da frase. Ou seja, quando usamos figuras de construção. Ou figuras de sintaxe. Vamos conhecê-las melhor?

Pleonasmo

É quando um termo é usado em excesso em uma oração. Ou seja, há redundância, repetição. Nem sempre o pleonasmo é um bom recurso de linguagem. Por exemplo: “Ela viu o assassinato com os olhos” – é óbvio que alguém vê com os olhos, há uma redundância, um pleonasmo. Outro exemplo: “Vamos subir para cima?” – quem sobe sempre irá para cima.

Anáfora

O termo anáfora quando utilizado como uma figura de construção tem o seguinte sentido: quando uma palavra ou frase é utilizada de forma repetida. Por exemplo: “Eu te amo, mas tenho medo. Eu te amo, mas preciso refletir. Eu te amo, mas preciso de espaço.”

Polissíndeto

Assim como a anáfora, o polissíndeto também é definido pela repetição. Mas, nesse caso, o termo que é constantemente repetido é uma conjunção, um conectivo, um termo utilizado para conectar orações. Por exemplo: “Então eu vi e gritei. E corri. E fugi. E escapei!”

Assíndeto

O assíndeto é o contrário do polissíndeto. Ou seja, ao invés de um conectivo ser repetido, ele é omitido. Por exemplo: “Apareceram nuvens negras no céu, choveu muito.” – o conectivo “e” não aparece, ele é omitido.

Elipse

Caro (a) aluno(a), vamos conhecer a elipse? Ela acontece quando há omissão de um termo, uma palavra não aparece, porém ela é facilmente identificável pelo contexto. Por exemplo: “Olho para o céu. Nuvens” o termo que está omisso é “e vejo”. Mas mesmo sem ele é possível entender a frase.

Zeugma

Zeugma é um tipo de elipse, porém tem uma diferença: é quando um verbo já mencionado antes é omitido. Por exemplo: “Eu comi sorvete de laranja. Minha mãe torta de damasco.” – No exemplo, o verbo comer usado uma vez e é omitido na segunda frase.

Silepse

A silepse acontece quando a concordância de um termo da oração não é respeitada, pois ela é feita por meio das ideias e não dos termos da oração. Por exemplo:

“Os brasileiros somos muito otimistas.” – O termo somos não concorda com o termo brasileiros. Isso acontece porque a concordância é com a ideia, que quem está dizendo a frase também é brasileiro e por isso se inclui no discurso.

Hipérbato

O hipérbato é um recurso muito utilizado em textos literários. Ele acontece quando há uma inversão entre os termos da oração. Gramaticalmente, uma oração tem a seguinte estrutura: sujeito e predicado. O hipérbato inverte essa ordem natural. Por exemplo: “O alpiste todo os pássaros comeram”. A ordem direta dessa frase é “Os pássaros comeram alpiste todo”.

Aliteração

A aliteração consiste na repetição de fonemas consonantais na mesma frase. Ou seja, o mesmo som é repetido muitas vezes. Um exemplo clássico são os trava-línguas, como por exemplo: “O rato roeu a roupa do rei de Roma”.

Assonância

A assonância consiste na repetição de sons de vogais. Por exemplo: “Amo te amar, amada Ana!”

Anacoluto

O anacoluto acontece quando, no meio de uma frase, ela é interrompida por outra. Ou seja, há uma interrupção na construção sintática! Por exemplo: “Eu tinha um lindo cãozinho chamado Simba, só dei o devido valor depois da sua morte”. Perceba, caro (a) aluno(a), a segunda oração não tem relação direta com a segunda.

Bem, caro(a) aluno(a), provavelmente você ficou encantado e assustado com as muitas possibilidades de uso de figuras de linguagem. Mas fique tranquilo: não é necessário decorar o nome e o conceito. O fundamental é você prestar atenção nos textos que te rodeiam e identificar os sentidos que são construídos utilizando esses recursos.

A Importância das tipologias na Estruturação de Gêneros textuais

Os gêneros textuais utilizam tipologias para sua construção. Destacamos três tipologias: narrativa, dissertativa e descritiva. Na narrativa, contamos histórias. Há a necessidade de ter personagens, narrações, início, meio e fim, espaço, tempo. Na tipologia descritiva, caracterizamos e descrevemos algo de forma específica e detalhada. Na dissertativa (também chamada de argumentativa, como destaca o quadro a seguir), utilizamos argumentos para comprovar um ponto de vista. Um mesmo texto pode mobilizar mais de uma tipologia. Assim, um artigo de opinião pode ter uma descrição e vice-versa. Outras tipologias de texto existentes são a injunção e a exposição. Observe o quadro a seguir.

Bases temáticas
Exemplos
Traços linguísticos
Descritiva “Sobre a mesa havia milhares de vidros.” Este tipo de enunciado textual tem uma estrutura simples com um verbo estático no presente ou imperfeito, um complemento e uma indicação circunstancial de lugar
Narrativa “Os passageiros aterrissaram em Nova York no meio da noite”. Este tipo de enunciado textual tem um verbo de mudança no passado, um circunstancial de tempo e lugar. Por sua referência temporal e local, este enunciado é designado como enunciado indicativo de ação.
Expositiva (a) “Uma parte do cérebro é o córtex”; (b) “O cérebro tem 10 milhões de neurônios”. Em (a) temos uma base textual denominada de exposição sintética pelo processo da composição. Aparece um sujeito, um predicado (no presente) e um complemento com um grupo nominal. Trata-se de um enunciado de identificação de fenômenos. Em (b) temos uma base textual denominada de exposição analítica pelo processo de decomposição. Também é uma estrutura com um sujeito, um verbo da família do verbo ter (ou verbos como: “contém”, “consiste”, “compreende”) e um complemento que estabelece com o sujeito uma relação parte-todo. Trata-se de um enunciado de ligação de fenômenos.
Argumentativa “A obsessão com a durabilidade nas Artes não é permanente”. Tem-se aqui uma forma verbal com o verbo ser no presente e um complemento (que, no caso, é um adjetivo). Trata-se de um enunciado de atribuição de qualidade.
Injuntiva “pare!”, “seja razoável!” Vem representada por um verbo no imperativo. Estes são os enunciados incitadores à ação. Estes textos podem sofrer certas modificações significativas na forma e assumir por exemplo a configuração mais longa onde o imperativo é substituído por um ""deve"". Por exemplo: “Todos os brasileiros na idade de 18 anos do sexo masculino devem comparecer ao exército para alistarem-se”.

Quadro 1.7 - Explicação sobre tipos textuais
Fonte: Marcuschi (2010, p. 26-27).

As tipologias são importantes pois elas são mobilizadas e compõem os diferentes gêneros. Por exemplo, uma notícia, uma reportagem, conta um fato; portanto, irá mobilizar a tipologia narrativa e em alguns casos a tipologia expositiva. Porém, algumas notícias podem ter descrições e aí haverá a existência da tipologia descritiva. Há algumas reportagens em que os entrevistados desenvolvem uma opinião, um argumento, e nesse caso será mobilizada a tipologia argumentativa. Ou seja, caro(a) aluno(a), é preciso prestar atenção aos diferentes gêneros textuais e perceber as tipologias mobilizadas.

Gêneros textuais e as tipologias textuais

Gêneros textuais são formas relativamente estáveis em que os textos se apresentam. Por exemplo: notícia, e-mail, redação, receita, romance. Os gêneros são compostos pelas tipologias.

Descrição

tipologia que apresenta descrições acerca de ambientes, pessoas, objetos, sensações.

Narração

tipologia que conta histórias, apresenta início, meio e fim e conta um fato.

Injunção

tipologia que busca convencer o leitor a fazer algo. Mobiliza construções de frases com o intuito de interagir com o destinatário e influenciar seu comportamento.

Argumentação

o emissor emite sua opinião e cria argumentos para embasar seu ponto de vista.

Exposição

tipologia que busca apresentar informações.
Fonte: Elaborado pela autora.

Indicação de leitura

Livro: O livro da escrita

Autores: Ruth Rocha e Otávio Roth

Ano: 2005

Editora: Melhoramentos

ISBN: 9788506075296

Apresenta a história do processo de desenvolvimento da escrita,

da pictografia ao alfabeto fonético, passando pela ideografia, pela escrita cuneiforme e pelo advento dos hieróglifos.

Indicação de leitura

Livro: O que é linguística

Autora: Eni Pulcinelli Orlandi

Ano: 2004

Editora: Brasiliense

ISBN: 978-8572447966

"O Que É Linguística", de Eni Pulcinelli Orlandi, fala sobre a linguística, distinguindo-a da gramática tradicional e normativa. Só há a possibilidade de existência de um mundo se for dentro da linguagem. O estudo da linguística não se interessa por qualquer espécie de linguagem: só a linguagem verbal, oral ou escrita. Os sinais que o homem produz quando escreve são chamados de signos e, ao produzi-los, os homens produzem a própria vida; os signos da linguagem verbal têm uma importância tão grande para a humanidade que têm uma ciência para si: a linguística.

Considerações Finais

Caro (a) aluno(a), abordamos nesta unidade a importância da tessitura do texto na comunicação oral e escrita, os recursos que a Língua Portuguesa nos proporciona para que nossos textos tenham maior qualidade e para que consigamos enviar nossa mensagem com clareza ao receptor. Vimos, também, a importância dos conceitos de texto, gêneros e tipologias textuais.

O fundamental, caro(a) aluno(a), é a compreensão de que a escrita é uma ferramenta importante nas interações sociais: é escrevendo e lendo que agimos sobre a realidade a nossa volta. Por isso, é importante conhecer os tipos de texto que usamos na estruturação de gêneros textuais.

Esperamos que você tenha compreendido e apreciado o material.

Continue focado(a)!

Até a próxima unidade.

Atividade

Observe que os itens numerados a seguir referem-se ao nome de esferas que representa tipologias de escrita. Em seguida, há possíveis características de cada esfera.

1. Descrição.

2. Narração.

3. Injunção.

4. Argumentação.

5. Exposição.

( ) Procura responder às perguntas: quem fez?; quando fez?; onde fez?; como fez?; por que fez?; como tudo acabou?

(  ) Tenta convencer o interlocutor, mobiliza construções de frases com o intuito de interagir com o destinatário e influenciar seu comportamento.

(  ) Tipologia que apresenta assuntos e informações.

(  ) Quando o autor, emissor da mensagem, utiliza essa esfera, ele quer transmitir uma reflexão aos receptores, que são seus leitores, por meio de um ponto de vista, uma opinião sobre determinado tema.

(  ) Essa construção é como se desenhasse a cena para o leitor, descrevendo as características dos objetos, dos personagens, dos lugares, etc.

(  ) Apresenta narrador em 3ª pessoa, quando se tratar de alguém que narra a história que observa, mas não faz parte dela, ou em 1ª pessoa, quando tratar de narrador-personagem.

Assinale a ordem correta de preenchimento da segunda coluna:

2, 3, 5, 4, 1, 2.

Correta: Das características apontadas, duas são da esfera narrativa: a primeira, que aponta as perguntas relacionadas à ação que uma história deve ter, e a última, que aponta os tipos de narrador. A segunda sentença é uma característica da esfera injuntiva, pois tenta convencer o leitor. A terceira é expositiva. A quarta é descritiva, pois aponta a minúcia e o detalhamento. A penúltima frase aponta uma característica da esfera argumentativa, pois fala da intencionalidade de um autor ao usar essa esfera em um texto.

3, 2, 1, 5, 4, 2, 3.

Incorreta: A ordem correta de preenchimento é 2, 3, 5, 4, 1, 2. Pois, das características apontadas, duas são da esfera narrativa: a primeira, que aponta as perguntas relacionadas à ação que uma história deve ter, e a última, que aponta os tipos de narrador. A segunda sentença é uma característica da esfera injuntiva, pois tenta convencer o leitor. A terceira é expositiva. A quarta é descritiva, pois aponta a minúcia e o detalhamento. A penúltima frase aponta uma característica da esfera argumentativa, pois fala da intencionalidade de um autor ao usar essa esfera em um texto.

3, 2, 4, 5, 1, 2.

Incorreta: A ordem correta de preenchimento é 2, 3, 5, 4, 1, 2. Pois, das características apontadas, duas são da esfera narrativa: a primeira, que aponta as perguntas relacionadas à ação que uma história deve ter, e a última, que aponta os tipos de narrador. A segunda sentença é uma característica da esfera injuntiva, pois tenta convencer o leitor. A terceira é expositiva. A quarta é descritiva, pois aponta a minúcia e o detalhamento. A penúltima frase aponta uma característica da esfera argumentativa, pois fala da intencionalidade de um autor ao usar essa esfera em um texto.

4, 2, 3, 2, 1, 5.

Incorreta: A ordem correta de preenchimento é 2, 3, 5, 4, 1, 2. Pois, das características apontadas, duas são da esfera narrativa: a primeira, que aponta as perguntas relacionadas à ação que uma história deve ter, e a última, que aponta os tipos de narrador. A segunda sentença é uma característica da esfera injuntiva, pois tenta convencer o leitor. A terceira é expositiva. A quarta é descritiva, pois aponta a minúcia e o detalhamento. A penúltima frase aponta uma característica da esfera argumentativa, pois fala da intencionalidade de um autor ao usar essa esfera em um texto.

5, 4, 2, 3, 3, 1.

Incorreta: A ordem correta de preenchimento é 2, 3, 5, 4, 1, 2. Pois, das características apontadas, duas são da esfera narrativa: a primeira, que aponta as perguntas relacionadas à ação que uma história deve ter, e a última, que aponta os tipos de narrador. A segunda sentença é uma característica da esfera injuntiva, pois tenta convencer o leitor. A terceira é expositiva. A quarta é descritiva, pois aponta a minúcia e o detalhamento. A penúltima frase aponta uma característica da esfera argumentativa, pois fala da intencionalidade de um autor ao usar essa esfera em um texto.

Atividade

Dois importantes conceitos estudados na unidade são tipos e gêneros textuais. Gêneros textuais sempre serão textos, pois são um todo de sentido que cumpre uma função comunicativa e social. Dessa forma, todo gênero textual se realiza por uma (ou mais de uma) razão determinada em uma situação comunicativa (um contexto), para promover uma interação específica. Por exemplo: bula de remédio, conto, poema, memorando, bilhete. E os tipos textuais? O que são? Em relação a isso, analise as sentenças a seguir.

I - São designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição.

II- Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, pelo estilo, pelo conteúdo, pela composição e pela função.

III- Constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados e não são textos propriamente ditos.

IV- Sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal.

Assinale a alternativa que apresenta as assertivas que fazem referência a tipos textuais (tipologias).

Apenas I e III.

Incorreta, pois não menciona as assertivas I, III e IV que apresentam características das tipologias. É preciso considerar que a II é uma característica dos gêneros textuais.

Apenas I, III e IV.

Incorreta, pois não menciona as assertivas I, III e IV que apresentam características das tipologias. É preciso considerar que a II é uma característica dos gêneros textuais.

Apenas II e IV.

Incorreta, pois não menciona as assertivas I, III e IV que apresentam características das tipologias. É preciso considerar que a II é uma característica dos gêneros textuais.

Apenas I, III e IV.

Correta: As assertivas corretas são I, III e IV, pois apontam características das tipologias: o fato de serem constituídas por sentenças, de não serem textos, de abrangerem um número limitado de categorias, etc. A assertiva II apresenta uma característica dos gêneros: o fato dos gêneros abrangerem um número ilimitado de possibilidades.

Todas as assertivas.

Incorreta, pois não menciona as assertivas I, III e IV que apresentam características das tipologias. É preciso considerar que a II é uma característica dos gêneros textuais.

Atividade

Observe o texto a seguir:

Significado de Relicário - etimologia (origem da palavra relicário). Do latim reliquarium.

1. Lugar destinado para guardar ou proteger coisas preciosas e/ ou relíquias.

2. O que pertenceu a um santo ou por este foi tocado, normalmente, refere-se às relíquias (bolsinhas ou medalhas) que algumas pessoas costumam carregar junto ao pescoço.

3. Aquilo que tem um valor imenso; que é muito precioso.

Fonte: RELICÁRIO (on-line).

Assinale a alternativa que apresenta corretamente qual a função predominante no texto anterior.

Função referencial.

Incorreta: A função que predomina no texto não é a referencial, pois não é desenvolvido um assunto, um referente.

Função metalinguística

Correta: O texto é um verbete de dicionário, tenta apontar o significado de uma palavra. Ou seja, é um texto feito em Língua Portuguesa explicando algo da Língua Portuguesa. Ou seja, o código é usado para explicar o próprio código.

Função conativa.

Incorreta: A função conativa centraliza a mensagem no receptor; isso não é o que acontece no texto transcrito.

Função poética.

Incorreta: O texto transcrito não apresenta função poética, que é aquela que tem uma elaboração artística e literária.

Função fática.

Incorreta: Alternativa incorreta, já que não há função fática no texto.

Unidade Concluída

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