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Unidade 2


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Introdução

Caro(a) aluno(a), quando você escreve qualquer gênero textual, mobiliza várias formas de sequências linguísticas. Vimos que essas formas são denominadas tipologias textuais. Na presente unidade abordaremos mais diretamente as tipologias descritiva e injuntiva.

A tipologia descritiva é sempre mobilizada quando um gênero textual precisa enumerar características de alguma coisa ou pessoa. Em suma, é a descrição. A injunção, por sua vez, consiste em convencer alguém a fazer alguma coisa. Ou seja, a tipologia injuntiva é utilizada toda vez que um gênero textual tiver em si a necessidade de mobilizar sequências discursivas para convencer alguém a fazer algo.  

Vamos conhecer melhor essas maneiras de estruturar e construir gêneros textuais? Bons estudos!

Relembrando: tipos e Gêneros Textuais

Nesta unidade falaremos sobre duas das mais importantes tipologias: a injuntiva e a descritiva. Você se recorda, caro(a) aluno(a), das diferenças entre os conceitos de tipo e gênero textual? Para evitar dúvidas e tornar os conceitos mais claros, reproduzimos, no quadro a seguir, uma comparação produzida por Marcuschi (2010), estudioso do texto.

TIPOS TEXTUAIS
GÊNEROS TEXTUAIS
1.   Construtos teóricos definidos por propriedades linguísticas intrínsecas. 1. Realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas.
2. Constituem sequências linguísticas ou sequências de enunciados e não são textos empíricos. 2. Constituem textos empiricamente realizados, cumprindo funções em situações comunicativas.
3. Sua nomeação abrange um conjunto limitado de categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas, tempo verbal. 3. Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função.
4. Designações teóricas dos tipos: narração, argumentação, descrição, injunção e exposição. 4. Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuais, etc.

Quadro 2.1 – Diferença entre tipos e gêneros textuais
Fonte: Marcuschi (2010, p. 24).

Os tipos ou tipologias são definidos por sua estrutura, o que Marcuschi denomina qualidades linguísticas intrínsecas. Porém a presença de frases em determinada tipologia não garante que estejamos diante de um texto com sentido completo. Será a presença de um gênero textual que garantirá que estamos diante de um texto que circula socialmente (COSTA-VAL, 2006).

Por exemplo, imagine um parágrafo que descreve a aparência física de uma moça. Esse parágrafo, por descrever alguém, suas características, altura, peso, cor dos olhos, cor do cabelo, postura, beleza, elegância, presença de tatuagens, etc., mobilizará a tipologia descritiva. No entanto, ainda não será um texto; só será um texto com sentido completo quando estiver acompanhado de um contexto. Ou seja, quando entendermos como ele circula socialmente.

Dessa forma, a descrição física de uma mulher fará sentido:

  • dentro do gênero textual conto, em que é necessária a descrição das características de uma personagem;
  • dentro do gênero textual roteiro, em que o autor da sinopse elenca as características da personagem que vai representar um papel ficcional, e a atriz escolhida deve ter, preferencialmente, essas características;
  • dentro do gênero textual retrato falado, que circula em uma delegacia: uma descrição que objetiva localizar alguém, suspeito ou vítima;
  • dentro de um gênero textual produzido no interior de aplicativos de smartphone que objetivam criar encontros entre pessoas: uma pessoa escreve suas características físicas com o objetivo de atrair pretendentes.

Ou seja, caro(a) aluno(a), os tipos e as tipologias nos ajudam a estruturar os textos ao nosso redor, mas, sozinhos, não garantem a textualidade. Agora, vamos abordar a tipologia argumentativa ou dissertativa. Ela é mobilizada quando são utilizados argumentos com o objetivo de convencer alguém a fazer alguma coisa, não em forma de ordem ou recomendação, pois essas características pertencem à tipologia injuntiva. São construções argumentativas: um ponto de vista é expandido, com exemplos e contextualização. Imagine um parágrafo defendendo o combate à caça ilegal. Esse parágrafo isolado não é garantia de que estamos diante de um texto, ele precisa fazer parte de uma esfera de comunicação, precisa ser manifestado por um gênero textual. A seguir, há a especificação de alguns exemplos de gêneros textuais que poderiam ter esse parágrafo argumentativo sobre o combate à caça ilegal.

  • Dentro do gênero textual redação: no vestibular ou em um concurso, a prova pede que o aluno disserte sobre o tema caça ilegal.
  • Dentro do gênero textual notícia: uma reportagem que faz um diagnóstico sobre o meio ambiente e pode ter em seu interior um parágrafo argumentativo.
  • Dentro do gênero textual relatório: um relatório feito por uma empresa ou entidade governamental sobre a situação ambiental do país pode ter um parágrafo argumentativo.
  • Dentro do gênero textual artigo de opinião: nesse gênero, alguém escreve sua opinião sobre determinado assunto e, para isso, mobiliza sequências discursivas da tipologia argumentativa. Em um artigo de opinião sobre meio ambiente é possível a presença de um parágrafo sobre caça ilegal.

Uma vez que delimitamos como as tipologias estruturam os gêneros textuais, vamos conhecê-las melhor.

Tipologia Descritiva

Como já apontamos anteriormente, caro(a) aluno(a), as sequências descritivas representam, com palavras, realidades: explicam-nas, definem-nas e apontam detalhes. Dessa forma, vamos usar a tipologia descritiva quando descrevemos uma cidade, uma floresta, uma rua, um bosque, um animal, um fenômeno da natureza, uma planta, uma sensação, um sentimento, uma angústia. Também quando descrevemos uma pessoa, tanto interna quanto externamente (MARCUSCHI, 2010).

De maneira genérica, podemos apontar o predomínio de duas formas de descrição: a descrição técnica e a descrição literária.

Descrição Técnica

É a descrição detalhada de algo com o objetivo de informar alguém que está na posição de consumidor, de pessoa que vai adquirir alguma coisa ou que desfrutará de um serviço. Esse tipo de descrição estará em bulas de remédios, manual de uso de produtos ou em redes sociais que promovem encontros. É uma descrição que busca a maior aproximação possível com a realidade (COSTA-VAL, 2006). Observe a seguir três exemplos de gêneros textuais que podem mobilizar a tipologia descritiva na modalidade técnica.

Descrição técnica - gênero textual informativo/blog (exemplo 1)

O texto a seguir foi retirado de um site especializado em publicações informativas sobre os ecossistemas do Brasil.

A Mata Atlântica compreende a região costeira do Brasil. Com clima equatorial ao norte e quente temperado, sempre úmido, ao sul tem temperaturas médias elevadas durante o ano todo e não apenas no verão.

A alta pluviosidade nessa região deve-se à barreira que a serra constitui para os ventos que sopram do mar. Seu solo é pouco rico e sua topografia bastante acidentada. No interior da mata, devido à densidade da vegetação, a luz é reduzida. A Mata Atlântica é considerada uma das grandes prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o continente americano. Em estado crítico, sua cobertura florestal achava-se reduzida à cerca de 7,6% da área original, até meados de 2004. Com um intenso trabalho de conscientização, fiscalização e criação de Unidades de Conservação que perfaz uma extensão de aproximadamente 1.306.421 km2.

Distribuído por mais de 17 estados brasileiros, este bioma é composto de uma série de fitofisionomias bastante diversificadas, determinadas pela proximidade da costa, relevo, tipos de solo e regimes pluviométricos. Essas características foram responsáveis pela evolução de um rico complexo biótico de natureza florestal. Apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda contém uma parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, com altíssimos níveis de endemismo.

Quadro 2.2 - Gênero textual informativo/blog
Fonte: Mata… (on-line).

No gênero exposto, a tipologia descritiva auxilia na compreensão da extensão do tema do assunto. O leitor consegue entender melhor o que é a mata atlântica e suas características pela presença da tipologia descritiva. Se reproduzíssemos o restante da publicação, veríamos outras tipologias, como a expositiva (expõe um assunto) e a argumentativa (parágrafos apontando a importância da preservação da mata Atlântica).

Descrição técnica - gênero textual artigo científico (exemplo 2)

O texto a seguir foi retirado de um artigo científico da área de Física.

Motores são dispositivos que convertem alguma forma de energia em energia mecânica. Especificamente os motores elétricos operam de modo a transformar a energia elétrica em energia cinética rotacional ou translacional. Motores elétricos cujo resultado é a energia cinética rotacional são denominados rotativos e são os mais convencionais. Por outro lado, se a conversão resulta em energia mecânica sob a forma de movimento de translação o motor é dito linear. Diante disso classificamos o dispositivo proposto neste trabalho como motor linear homopolar. O conceito homopolar é motivado pela descrição apresentada na Ref. [1] e maiores detalhes sobre este motor será apresentado na seção seguinte.

Popularmente conhecido na internet como “trem elétrico” ou “trem eletromagnético”, o motor homopolar linear é um dispositivo composto por ímãs de neodímio grudados nas extremidades de uma pilha e um conjunto de espiras construídas com fios de cobre desencapado que servem de trilho para o objeto se deslocar.

Quadro 2.3 - Gênero textual artigo científico
Fonte: Doof (2016, on-line).

O gênero artigo científico mobiliza principalmente as tipologias argumentativa e expositiva. Entretanto, podemos ver no texto anterior a presença importante da tipologia descritiva: nesse texto podemos ler a descrição das características técnicas de um motor.

Descrição técnica - gênero textual bula de remédio (exemplo 3)

O texto a seguir foi retirado de um site que reproduz as informações encontradas em bulas de remédio.

O ácido acetilsalicílico é a substância ativa do AAS Infantil, que pertence ao grupo de substâncias anti-inflamatórias não-esteróides, com propriedades anti-inflamatória (atua na inflamação), analgésica (atua na dor) e antitérmica (atua na febre).

O ácido acetilsalicílico inibe a formação de substâncias mensageiras da dor, as prostaglandinas, propiciando alívio da dor.

Comprimidos de 100 mg: Embalagem contendo 30, 120 ou 200 comprimidos.

Uso oral.

Uso pediátrico.

Composição

Cada comprimido de AAS Infantil contém:

Ácido acetilsalicílico                  100 mg

Excipientes: Vanilina, sacarina sódica dihidratada, lactose mono-hidratada, dióxido de silício, amido de milho, corante amarelo de tartrazina, laca amarela nº 6.

Quadro 2.4 - Gênero textual bula de remédio
Fonte: AAS… (on-line).

Bulas de remédio, assim como outros gêneros textuais relacionados a produtos, apresentarão a descrição de suas características técnicas. No texto que lemos são descritas as características do medicamento e sua composição.

A partir dos textos que lemos, caro(a) aluno(a), já podemos elencar as características das sequências linguísticas com predomínio da tipologia descritiva, especialmente a descrição técnica. As principais características são:

  • objetividade – o elemento é descrito em partes, de forma direta, sem a presença de subjetividade.
  • o vocabulário empregado é preciso e direto.
  • presença de termos técnicos – cada gênero que mobiliza a tipologia descritiva usará termos técnicos. No caso da bula, vimos termos relacionados à farmácia, no artigo, termos descritivos relacionados à física.
  • normalmente, as frases e períodos são curtos.
  • o verbo indicativo no presente predomina em sequências descritivas.
  • presença de adjetivos.

Descrição Literária

Descrição literária – gênero textual romance – descrição de personagem (exemplo 1)

O texto a seguir foi retirado do romance A queda dum anjo, do renomado escritor português Camilo Castelo Branco (2012).

Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdômen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes. Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão.

Quadro 2.5 - Gênero textual romance – descrição de personagem
Fonte: Castelo Branco (2012, p. 34).

No texto que lemos, vemos um exemplo de como, em um romance, podemos perceber trechos que mobilizarão a tipologia descritiva. É uma forma literária e não técnica, pois nessa descrição não há um compromisso com a objetividade, e sim com a subjetividade predominante em um texto artístico (MARCUSCHI, 2010).

Descrição literária – gênero textual romance – descrição de espaço (exemplo 2)

O texto a seguir foi retirado do romance Terras do Sem fim, do importante autor Jorge Amado (2008).

A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia. Os cacaueiros se fecham em folhas grandes que o sol amarelece. Os galhos se procuram e se abraçam no ar, parecem uma árvore subindo e descendo o morro, a sombra de topázio se sucedendo por centenas e centenas de metros.

Tudo nas roças de cacau é em tonalidades amarelas, onde, por vezes, o verde rebenta violento. De um amarelo aloirado são as minúsculas formigas pixiricas que cobrem as folhas dos cacaueiros e destroem a praga que ameaça o fruto. De um amarelo desmaiado se vestem as flores e as folhas novas que o sol pontilha de amarelo queimado. Amarelos são os frutos precoces que pecaram ao calor demasiado. Os frutos maduros lembram lâmpadas de oiro das catedrais antigas, fulgem com um brilho resplandecente aos raios do sol, que penetram a sombra das roças. Uma cobra amarela - uma papa-pinto - acalenta o sol na picada aberta pelos pés dos lavradores. E até a terra, barro que o verão transformou em poeira, tem um vago tom amarelo, que se prende e colore as pernas nuas dos negros e dos mulatos que trabalham na poda dos cacaueiros. Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que ilumina suavemente pequenos ângulos das roças.

Da mata vinham trinados de pássaros nas madrugadas de sol. Voavam sobre as árvores as andorinhas de verão. E os bandos de macacos corriam numa doida correria de galho, morro abaixo, morro acima. Piavam os corujões para a lua amarela nas noites calmas. Cobras de inúmeras espécies deslizavam entre as folhas secas, sem fazer ruídos, onças miavam seu espantoso miado nas noites do cio.

Quadro 2.6 - Gênero textual romance – descrição de espaço
Fonte: Amado (2008, p. 37).

No trecho anterior podemos ver a caracterização de um espaço: ele é descrito de forma literária. Além dos gêneros romance, conto, poema, a descrição literária pode ser observada em outros gêneros textuais, por exemplo, em uma entrevista e em uma correspondência pessoal, como um e-mail ou uma carta.

Após a leitura dos textos, já podemos melhor caracterizar a tipologia descritiva utilizada de forma literária (FIORIN; SAVIOLI, 2008):

  • um caráter eminentemente subjetivo.
  • uso de verbos de ligação: ser, estar, permanecer.
  • vocabulário variado, plurissignificativo.
  • linguagem amplamente conotativa, com uso de figuras de linguagem, como comparações, metáforas, metonímias.
  • uso de recursos expressivos.
  • abundância de adjetivos, advérbios e expressões valorativas.
Descrição objetiva - Descrição técnica
Descrição subjetiva - descrição literária
Substantivos concretos Substantivos abstratos
Adjetivos pospostos Adjetivos antepostos
Linguagem denotativa Linguagem conotativa
Linguagem com função referencial Linguagem com função poética
Expressionismo Impressionismo
Perspectiva técnica, científica, geométrica, anatômica Perspectiva literária, artística
“Visão” fria, isenta e imparcial “Visão” pessoal e parcial
Captação exata Captação imprecisa
Frases curtas em ordem direta Frases elaboradas
Imagem dimensional Imagem vaga/diluída

Quadro 2.7 - Tipos de descrição
Fonte: Elaborado pela autora.

Descrição de Pessoa

A descrição de pessoa pode ser dividida basicamente em dois grupos: o das características físicas e o das características psicológicas. Entendemos por características físicas a aparência externa, isto é, tudo o que pode ser observado externamente quando analisamos alguém: a altura, o peso, a cor da pele, a idade, os cabelos, os traços do rosto, a voz e o modo de se vestir (que, evidentemente, não é componente físico de alguém, mas é um aspecto exterior).

Por outro lado, entendemos por características psicológicas tudo o que se associa ao comportamento da pessoa, ou seja, a personalidade, o temperamento, o caráter, as preferências (referentes a certas atividades esportivas ou artísticas), as inclinações (aptidões para determinadas tarefas), a postura em relação a si mesma e aos outros e os objetivos (metas profissionais ou pessoais a serem alcançadas no futuro). Enfim, aquilo que caracteriza seu modo de agir ou ser.

Tipologia Injuntiva

Toda vez que um texto dá uma diretriz, aponta um caminho, dá uma ordem ou indicação, a tipologia injuntiva é mobilizada. Portanto, “a tipologia textual injuntiva caracteriza-se por guiar os indivíduos para a execução de uma atividade específica e/ou estabelecer normas para direcionar as práticas sociais” (KÖCHE; MARINELLO; BOFF, 2009, p. 5). Podemos perceber a presença dessa tipologia em muitos gêneros textuais. Por exemplo, um manual de funcionamento de um produto trará indicações de como manipulá-lo ou montá-lo, para isso, usará sequências textuais injuntivas. Outro exemplo: um livro de receitas - as receitas são um gênero textual que utiliza muito a tipologia injuntiva, já que é um gênero que consiste em passos de orientação para o preparo de pratos culinários. Além disso:

A injunção está presente também em gêneros como os manuais e as instruções de uso e montagem, os textos de orientação (leis de trânsito, recomendações de trânsito e direção), os regulamentos, as regras de jogo, os regimentos, as leis, os decretos, os textos que ensinam a confeccionar trabalhos manuais e objetos para o lar, as bulas de remédios, os textos doutrinários e as propagandas. Eles podem ser publicados em cartazes, revistas, panfletos, embalagens de produtos, correspondências, entre outros suportes (KÖCHE; MARINELLO; BOFF, 2009, p. 6).

Um texto que tem um predomínio da tipologia injuntiva pode ser utilizado para criar vários efeitos de sentido, como: “aconselhar o interlocutor a fazer algo, ordenar-lhe que cumpra determinadas tarefas, apelar para que aja numa determinada direção, instruí-lo, ensiná-lo a desenvolver uma atividade, entre outras” (ROSA, 2003, p. 25).

Passos para desenvolver uma produção escrita.

Conhecer o gênero textual

O primeiro passo é saber qual a estrutura do gênero textual que o texto será desenvolvido. Será uma redação? Uma reportagem? Uma redação? Um relatório? Ler e conhecer bem outros textos escritos nesse gênero é muito importante.

Saber quais tipologias utilizar

Cada gênero de texto mobiliza mais determinadas tipologias. Por exemplo, se vou escrever um artigo de opinião vou usar muito da tipologia argumentativa.
Se vou escrever um conto, necessariamente usarei a tipologia narrativa

PLANEJAR A ESCRITA

Fazer um rascunho, um esboço, planejar quantos parágrafos, o que cada parte do texto irá tratar. Enfim, fazer um esboço, um mapa mental par facilitar o processo de escrita.

Escrever e revisar

O quarto passo é escrever o texto, mobilizar os conhecimento linguísticos e conhecimentos de mundo e escrever o melhor texto possível. Porém, é
fundamental sempre revisar. Após a escrita é importante revisar o que foi escrito, tanto ortograficamente, quanto em relação à ajustes. Uma dica é nunca perder de vista o receptor desse texto: é importante ter clareza para quem se escreve para a mensagem ser plenamente compreendida.

Indicação de leitura

Livro: O Cortiço

Autor: Aluísio de Azevedo

Ano: 2012

Editora: Ática

ISBN: 978-8525409171

Essa obra é extremamente descritiva e desperta diferentes reações no leitor.

Narrado em terceira pessoa, o livro “O Cortiço” conta a história de um aglomerado de

casas onde vivem pessoas de diferentes perfis. Essa convivência é o foco do romance, que faz uma análise científica das personagens e enfoca, principalmente, os seus  efeitos. A obra foi publicada em 1890 e faz um relato histórico perfeito da classe baixa dessa época.

O autor cita vários exemplos de como o ser humano pode ser irracional, lembrando, por exemplo, de João Romão dono de uma centena de casas e que enriquecia à custa do suor alheio, sem ao menos demonstrar o mínimo de compaixão pelos seus empregados.

Indicação de leitura

Livro: Ler e compreender os sentidos do texto

Autor: Ingedore Koch e Vanda Elias

Ano: 2012

Editora: Contexto

ISBN: 9788572443272

Ingedore Koch, com a colaboração de Vanda Maria Elias, apresenta, neste livro, seu pensamento sistematizado como uma ponte entre teorias sobre texto e leitura e práticas docentes. Escrito, principalmente, para professores do ensino fundamental e médio, 'Ler e compreender' pretende simplificar sem banalizar as concepções da professora Ingedore. O objetivo desse livro é apresentar, de forma simples e didática, as principais estratégias que os leitores têm à sua disposição para construir um sentido que seja compatível com a proposta apresentada pelo seu produtor. O livro apresenta, de forma didática, profundos conceitos de teorias do texto e da leitura, conduzindo o leitor das inúmeras análises possíveis a compreender os sentidos do texto.

Indicação de leitura

Livro: O Perfume – história de um assassino

Autor: Patrick Süskind

Ano: 1985

Editora: Presença

ISBN: 9780141041155

França, século XVIII. O recém-nascido Jean-Baptiste Grenouille é abandonado pela mãe junto a restos de peixes em um mercado parisiense. Rejeitado também pela natureza, que lhe negou o direito de exalar o cheiro característico dos seres humanos, pelas amas de leite e  por instituições religiosas, o menino Grenouille cresce sobrevivendo ao repúdio, a acidentes e doenças. Ainda jovem, descobre ser dotado de imensa sensibilidade olfativa e parte em busca da essência perfeita, do perfume que lhe falta para seduzir e dominar qualquer pessoa. Nessa busca obsessiva, ele usurpa a essência dos corpos de suas vítimas.

Considerações Finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade. Espero que você esteja acompanhando o conteúdo, pois, além de ser um conhecimento aplicável e importante, faz parte da nossa vida. Você, com certeza, ao ler a unidade a relacionou com dezenas de textos que fazem parte de seu cotidiano.

Escrever textos é uma habilidade que treinamos durante toda a nossa vida, é uma grande exigência da vida em sociedade. Por isso, ler e compreender o funcionamento da construção de sentidos na escrita é fundamental. Assim, entender com profundidade como as tipologias textuais como a injunção e a descrição estruturam gêneros textuais é importante. Dessa forma, ficamos atentos para os recursos expressivos que compõem os textos.

Até a próxima unidade! Bons estudos!

Atividade

Observe o seguinte texto:

Bolo de Morango

Ingredientes: 150 gramas de farinha, 8 ovos, baunilha, cacau em pó, 100 gramas de manteiga, açúcar, sal, 300 gramas de morangos.

Modo de Preparo

Primeiro pré-aqueça o forno a 180°C.

Derreta a manteiga e coloque o açúcar.

Adicione os ovos, um de cada vez, e bata bem após cada ovo inserido.

Insira a baunilha e metade dos morangos batido.

Adicione o sal e o cacau em pó.

Coloque a farinha e misture bem.

Após sovar e misturar a massa, é necessário ajeitá-la em uma forma untada. Coloque a massa bem misturada em uma forma. Asse em torno de 30 minutos. Quando ficar pronto, decore com o restante dos morangos.

Fonte: Elaborado pela autora

Qual a tipologia predominante no texto?

Tipologia injuntiva.

Correta: pois uma receita dá instruções para um leitor. Portanto, a injunção é predominante.

Tipologia descritiva.

Incorreta: O texto até traz descrições de ingredientes, mas essa tipologia tem menos destaque que a injuntiva.

Tipologia narrativa.

Incorreta: O texto não apresenta narração.

Tipologia argumentativa.

Incorreta: Não há argumentação no texto.

Tipologia expositiva.

Incorreta: Não há a exposição de um assunto.

Atividade

Há duas formas predominantes de estruturar um texto que tem como predomínio a tipologia descritiva: a descrição técnica e a descrição literária. Sobre elas, faça a relação adequada.

1. Descrição Técnica.

2. Descrição Literária.

(   ) Maior uso de adjetivos abstratos.

(   ) Linguagem com função poética.

(    ) Predomínio da linguagem conotativa.

(    ) Perspectiva científica.

(    ) Captação exata.

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de preenchimento.

2, 1, 2, 1, 2.

Incorreta: A descrição técnica abarca uma perspectiva científica e tem uma captação exata na realidade.

1, 2, 1, 2, 1.

Incorreta: A ordem correta é 2, 2, 2, 1, 1, já que as três primeiras assertivas dizem respeito à descrição literária.

2, 2, 2, 1, 1.

Correta: A descrição literária apresenta: maior uso de adjetivos abstratos, linguagem com função poética e predomínio da linguagem conotativa.

1, 2, 2, 2, 1.

Incorreta: A ordem correta é 2, 2, 2, 1, 1, já que as três primeiras assertivas dizem respeito à descrição literária.

2, 1, 2, 1, 1.

Incorreta: A ordem correta é 2, 2, 2, 1, 1, já que as três primeiras assertivas dizem respeito à descrição literária.

Atividade

Estudamos as diferenças entre gêneros e tipos textuais. Tipos ou tipologias, como a descritiva e a injuntiva, não podem ser considerados textos, mas estão estruturando a maioria dos gêneros textuais. Temos cinco principais tipos: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção. E os gêneros? Assinale as assertivas verdadeiras sobre os gêneros.

( ) Existem três elementos fundamentais para que possamos considerar a existência de um gênero: presença de história, de argumentos e de fatos.

( ) Um gênero textual sempre deve ser definido pela sua função social. Por exemplo, o gênero receita tem a função social de dar indicações de como preparar um prato culinário.

( ) Gêneros são sempre formas fixas: não mudam, são as mesmas sempre.

( ) Assim como nos tipos textuais, há um número limitado de gêneros.

Qual a ordem correta de enunciados verdadeiros e falsos?

V, F, V, V.

Incorreta: A segunda frase é correta, pois aponta corretamente o conceito de gênero textual.

V, V, F, F.

Incorreta: A ordem correta é F, V, F, F.

F, V, V, F.

Incorreta: A terceira frase é falsa, pois os gêneros podem mudar a sua forma e evoluir, mudar e até mesclar vários gêneros. Um exemplo é o gênero carta, que mudou muito ao longo dos anos.

V, F, F, V.

Incorreta: A quarta frase é falsa, pois há um número ilimitado de gêneros textuais.

F, V, F, F.

Correta: A primeira frase é falsa, pois os elementos que constituem um gênero são: estilo, conteúdo temático e composição.

Unidade Concluída

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